Boulos repete Lula com carta para tentar reduzir rejeição e diz que vai dormir na casa de eleitores

  • 21/10/2024
(Foto: Reprodução)
"Carta ao povo de São Paulo" traz promessas para trabalhadores autônomos e pede voto de confiança. Gesto é similar ao de Lula na campanha de 2002, com a "Carta ao povo brasileiro". O deputado Guilherme Boulos, candidato do PSOL em São Paulo, divulgou uma carta aberta nesta segunda (21) Raul Luciano/Ato Press/Estadão Conteúdo O deputado federal Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, divulgou nesta segunda-feira (21) uma carta aberta à população em que pede um "voto de confiança" e adota um tom moderado para tentar reduzir seus índices de rejeição. No documento, publicado nas redes sociais e chamado de "Carta ao povo de São Paulo", o candidato afirma que, se eleito, fará um governo de diálogo (leia a íntegra ao fim da reportagem). O gesto é similar ao que fez o presidente Lula em 2002, quando publicou a famosa "Carta ao povo brasileiro" durante a campanha de sua primeira vitória numa eleição presidencial. O objetivo é suavizar a imagem do candidato, que liderou o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e é visto como um radical de esquerda por parte do eleitorado. A poucos dias do segundo turno, as pesquisas mostram uma ampla vantagem do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Boulos diz no texto que: "Muitos ficam assustados com a minha trajetória no movimento social. Outros se questionam sobre se conseguiremos dar conta ou se vamos dialogar com quem tem visões diferentes. E, por isso, ficam receosos de apostar na mudança que representamos, mesmo sabendo que a cidade não está boa. Peço aqui um voto de confiança a vocês". No documento, o candidato do PSOL também faz acenos e promessas a trabalhadores autônomos e moradores da periferia e afirma que faltou diálogo com esses grupos. "Reconheço também que, pelo nosso propósito de olhar sempre para os invisíveis, muitas vezes nós da esquerda deixamos de falar com tanta gente que também batalha, sofre o dia a dia das periferias e que buscou encontrar sua própria forma de ganhar a vida. Muitas vezes nós deixamos de falar com vocês", diz outro trecho da carta. Em entrevista ao SP2 na última terça-feira (15), Boulos já havia admitido que precisava se aproximar dos trabalhadores autônomos para aumentar suas chances de vitória. A carta de Boulos também faz críticas a Nunes. Sem citar seu nome, diz que o prefeito é fraco e omisso quanto aos problemas da cidade. "Quando o governo é fraco, os verdadeiros vilões tomam conta. Foi assim que o pior da nossa política se apoderou do orçamento de São Paulo, do nosso dinheiro", afirma. Dormir na casa de eleitor Também nesta segunda, Boulos anunciou que vai "rodar a cidade" até o fim da campanha para "virar votos" e que o plano inclui dormir na casa de eleitores. "Vou rodar essa cidade, em cada região, conversando com as pessoas de cada área, que trabalham com o que for. Pessoas que, inclusive, já toparam me receber em suas casas. Vou dormir nas casas dessas pessoas", disse o candidato durante um ato de campanha no Centro da cidade. Boulos disse que vai dormir em bairros de todas as regiões, entre eles Brasilândia, Grajaú e São Mateus. Na sexta (25), ele participará do debate da Globo. Leia a íntegra da "Carta ao povo de São Paulo", de Boulos: "Venho aqui, de coração aberto, para falar com vocês. Eu nasci, cresci e formei minha família na nossa cidade. Tive a oportunidade de viver os dois lados da ponte. O que sempre me moveu, desde menino, quando fui atuar junto com as pessoas sem-teto, foi o sentimento de indignação com as injustiças e a convicção de que é possível vivermos numa sociedade melhor. Como pode uma cidade tão rica ter gente com fome? Como pode ter tanta gente nas ruas? Como pode termos bairros com a qualidade de vida da Suécia e outros, com a dos países mais pobres do mundo? Essas inquietações são minhas, dos que caminham ao meu lado e, tenho certeza, também são suas. Ter uma cidade mais humana, em que a solidariedade não seja destruída pela indiferença, é o que eu acredito e quero fazer. Sei que muitos de vocês compartilham desse sonho, mas têm dúvidas e receios. Muitos ficam assustados com a minha trajetória no movimento social. Outros se questionam sobre se conseguiremos dar conta ou se vamos dialogar com quem tem visões diferentes. E, por isso, ficam receosos de apostar na mudança que representamos, mesmo sabendo que a cidade não está boa. Peço aqui um voto de confiança a vocês. Eu me preparei para governar nossa cidade: estudei cada área, cada contrato e cada solução. Chamei a Marta, com sua experiência administrativa, para ser minha vice e juntamos especialistas e gestores que passaram por governos de diferentes partidos. Nosso governo será de diálogo e construção conjunta, sem amarras a qualquer tipo de sectarismo. Reconheço também que, pelo nosso propósito de olhar sempre para os invisíveis, muitas vezes nós da esquerda deixamos de falar com tanta gente que também batalha, sofre o dia a dia das periferias e que buscou encontrar sua própria forma de ganhar a vida. A periferia mudou. Você, mulher que foi abrir seu salão, vender salgados na garagem de casa ou na porta do metrô, sabe disso. Você, jovem, que financiou uma moto e foi trabalhar sem parar e sem nenhuma proteção, sabe disso. Você que pega um carro e dirige a cidade toda como motorista de aplicativo sabe disso. Muitas vezes nós deixamos de falar com vocês. Eu quero assumir um compromisso com cada um de vocês: a prefeitura de São Paulo vai reconhecer o seu esforço e te oferecer oportunidades, não só aparecer pra cobrar boleto. Isso não é apenas uma promessa de campanha. É um compromisso de futuro. Sei que boa parte de vocês está descrente da política, perdeu a esperança por achar que são todos iguais. E quando a gente vê quem aparece só de quatro em quatro anos, repetindo o que marqueteiro falou, eu te entendo. É difícil diferenciar quem está de verdade do seu lado dos que querem te enganar. O compromisso que eu assumo com vocês não é apenas de fazer melhor, é de fazer diferente. Eu vou fazer meu Gabinete na Rua, indo todos os dias escutar você no seu bairro e construir junto as soluções. Vou fazer valer a participação como forma de governo, porque acredito que uma política feita desse jeito, sem portas fechadas, pode renovar a esperança de muita gente. Por isso, faço aqui um pedido a vocês: não desistam da mudança. Desistir dela é desistir do futuro, de deixar um legado da nossa geração para as que virão. Nesta eleição, São Paulo tem um risco e uma oportunidade. O risco é deixar um prefeito fraco e omisso levar nossa cidade ao caos. Quando o governo é fraco, os verdadeiros vilões tomam conta. Foi assim que o pior da nossa política se apoderou do orçamento de São Paulo, do nosso dinheiro, com esquemas que todos nós estamos vendo na imprensa. Foi assim que o crime organizado se infiltrou no transporte público e em cargos de alto escalão da prefeitura. Já vimos esse filme em outras cidades do país. E não acabam bem. Mas esse não é o único caminho. Nós podemos, com coragem e responsabilidade, afastar esse risco de São Paulo e aproveitar a oportunidade de termos o maior orçamento da nossa história para enfrentar as desigualdades que vêm de longe. Para olhar as grandes metrópoles do mundo e tirar as melhores soluções em inovação, eficiência e sustentabilidade. Para termos, pela primeira vez, uma política que entenda e apoie a periferia que quer empreender. Um governo que vai levar a escuta e a participação da sociedade ao limite. Eu jamais desistirei desse caminho. Fomos tão atacados nesta eleição exatamente por manter a coerência e os princípios que nos trouxeram até aqui. E acredito que é possível ganhar essa eleição dialogando olho no olho com as pessoas. Defendendo que os sem-teto tenham casa, que os invisíveis tenham voz, que todos os trabalhadores tenham oportunidades. Que as periferias sejam tratadas com respeito e não com preconceito e violência. É isso que nos move. E peço a todos que se movem por esses mesmos valores que saiam às ruas para virar votos nessa reta final. A verdade pode, sim, vencer a mentira. A esperança pode, sim, vencer o medo."

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2024/noticia/2024/10/21/em-carta-ao-povo-boulos-reconhece-que-foco-nos-invisiveis-tirou-atencao-dos-trabalhadores-da-periferia-e-vai-dormir-na-casa-de-eleitores.ghtml


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